Morrer não
dói! É claro que depende da forma que se morre. A verdade é que não tenho medo
da morte, já que é a única certeza que tenho nessa vida – irei morrer um dia.
Tenho medo mesmo é da forma que poderei deixar essa terra.
Peço a Deus,
em silêncio, todas às noites, que me dê uma morte calma, tranquila e indolor.
Aquela do tipo que se deita para dormir e não há mais o outro dia. Um suspiro e
fim.
Não quero
sofrer!
Não quero
sofrer muito para morrer. Acredito que já sofri o suficiente nesses 28 anos,
(não sei por quantos anos mais irei viver), porém não custa nada desde agora ir
pedindo uma morte serena.
Não quero
ficar em cima de uma cama dando trabalho para as pessoas, dando trabalho pra
mim mesmo. Sou um ser impaciente, agitado, que se movimenta a 220 por hora. Não
suportaria a prisão de uma cama de hospital. Não suportaria ficar aprisionado
em minha própria cama, em meu quarto, em minha casa.
Também não
suportaria ver as pessoas em minha volta sofrendo o meu sofrimento, de mãos atadas
por não terem o que fazer por mim. Vendo eu me apagar devagarzinho como a chama
de uma vela.
Não quero
morte trágica ou aquelas formas besta de se morrer. Se for acidente de carro,
por exemplo, que seja pá pum. Rápido, ligeiro, sem sequelas, sem cama de
hospital. Outro exemplo, tiro. Que seja o fatal. Nada de fazer do meu corpo uma
peneira para eu sentir dor e depois disparar o fatal. Primeiro, o tiro fatal,
daí depois pode fazer de mim uma peneira, estarei morto mesmo.
Outra coisa
que não quero é aquele monte de flor – feia e sem cheiro, por sinal – cobrindo
o meu corpo. Se forem pra me dar flores, que seja em vida. Nem tão pouco quero
caixão aberto pra todo mundo ficar olhando pra minha face de defunto. E aqueles
comentários besta: “nossa, parece que está dormindo!” Quero deixar bem claro
nesse parágrafo que quero o meu caixão lacrado (e sem janela). Não quero que
vejam o meu fim.
Quanto ao
velório, tudo bem! Vai que não morri de verdade. Nem quero me imaginar trancado
de baixo da terra, em um caixote de onde não se pode respirar ou sair. Deus me
livre! Então ao invés de velarem o meu corpo por 24 horas, por favor, velem por
48 horas. Vai que eu resolvo acordar, né?
A verdade é
que durante o velório quero um rádio tocando as músicas que mais gostava e fizeram
parte da minha trilha sonora em vida. (Acho que já irei providenciar uma lista
com essas músicas). Não sou músico, sou poeta. (Quero leitura de poemas
também). Mas a música sempre me acompanhou nos felizes e tristes momentos da
minha vida. [Enquanto escrevo esta crônica estou ouvindo música]. Outro
detalhe, nada de aplausos. Vão aplaudir por que estou dentro do caixão indo pra
debaixo da terra, assim não dá.
Por mais que
eu exija sei que não farão a festa que quero durante o velório. É o meu desejo
que enquanto estou lá deitado com uma mão sob a outra, em cima da barriga, de
olhos e boca fechados, sem mais poder respirar; que as pessoas que ali estarão
por consideração a mim, sintam-se mais à vontade e menos tristes. Uma
cervejinha, boa música e conversas informais – sem comentários idiotas -, até o
momento deu descer a sete palmos da terra.
Morrer não
dói! Porém é ridículo morrer. A morte é sem cor, sem forma e para sempre. Causa
certa estranheza, inconformidade... reações inexplicáveis. Morrer não dói para o
defunto, é claro. Dói apenas para quem fica vivo.
Por fim, não
quero ser cercado por velas, nem tão pouco quero todo aquele chororó sem fim.
Que todos fiquem em paz assim como irei ficar.
AI TI, QUE FÚNEBRE...VC NÃO QUER NADA...NÃO ESCOLHEMOS O MODO QUE DEIXAREMOS ESTE MUNDO, TEMOS QUE PASSAR POR ELE E TIRAR PROVEITO DE TUDO SEMPRE PREPARADO COMO O PROPRIETÁRIO DA CASA, QUE NÃO SABE O DIA E NEM A HORA QUE VIRÁ O LADRÃO PARA NÃO SERMOS PEGOS DE SURPRESA...BJS!
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