terça-feira, 29 de novembro de 2011

Analise

As canções que eu não cantei pra você
Analisado por Adernil de Souza*

No poema As canções que eu não cantei para você”, Tiago Nascimento revela ser eclético – ou ter noção – em termo de estilos musicais, ao fazer referências de Cartola a Cazuza, que de acordo com o seu tempo, cantaram a dor de cotovelo e a rebeldia, mas que continuam super atuais, por isso, clássicos.
“Queixo-me às rosas/ Mas que bobagem/ As rosas não falam/ Simplesmente as rosas exalam/ O perfume que roubam de ti, ai/”. Quer sofrimento mais explícito que este trecho na letra de “As rosas não falam”, de Cartola?. Ou em “Codinome beija-flor”, de Cazuza? “Pra que mentir/ Fingir que perdoou/ Tentar ficar amigos sem rancor/ A emoção acabou/ Que coincidência é o amor/ A nossa música nunca mais tocou...”.
Nota-se, também, uma certa inclinação para as emoções contidas, as relações conflituosas, quando cita Maysa e Dalva & Herivelto Martins. Nesse mesmo parâmetro estão Elis e Cássia Eller, dois ícones da MPB – cuja profundidade da alma – ou de suas vivências – era extravasada por meio de suas interpretações, e comportamentos...
Fala de Ana Carolina, que no mesmo ângulo, porém em nível mais sofisticado, diz: “Qualquer distância entre nós/ Virou um abismo sem fim/ Quando estranhei sua voz/ Eu te procurei em mim/ Ninguém vai resolver/ Probelmas de nós dois...
Daí dá um salto para o samba de Alcione, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Martinho da Vila, como num ápice de comemoração da alegria, e da conquista ou da esperança, do deixar rolar... Pelo menos, eu enxergo o samba – mais contemporâneo – assim, quando, por exemplo, Alcione propaga: “Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar, o mundo foi feito de samba, de samba pra gente sambar”. Veja trecho da letra de Zeca Pagodinho: “Eu já passei por quase tudo nessa vida/ Em matéria de guarida/ Espero ainda a minha vez/ Confesso que sou de origem pobre/ Mas meu coração é nobre/ Foi assim que Deus me fez.../ E deixa a vida me levar [Vida leva eu...].
Cita Fábio Júnior, que abarca todas as demais expressões por meio do romantismo, só que mais ameno, mais água com açúcar, porém, sem perder a beleza...
Para finalizar, dá um passeio por suas próprias raízes, ao se referir aos cantores sertanejos como Mato Grosso & Mathias, bem como cita Marco Brasil, que reflete a cultura do povo interiorano, manifestada nas festas de peão e do boiadeiro. E conclui fazendo referências as representantes da música católica e gospel – Ziza Fernandes e Aline Barros – como se fosse uma condensação espiritual, do que o poeta carrega, e se apega em seus momentos mais densos, e tensos...
Adernil de Souza, é jornalista











 
As canções que eu não cantei pra você
TIAGO NASCIMENTO


Ouvi Cartola falar de amor.
Ouvi Maysa cantar suas desilusões.
Ouvi Renato Russo bradar por um país melhor.
Ouvi Dalva e Herivelto cantar certo amor.

Ouvi o exagerado Cazuza.
Apaixonei-me pela Elis Regina.
Fiz o samba meu com Maria Rita.
Cantei melodias de Ana Carolina.
Gritei junto a Cássia Eller.
Sambei com Alcione, Zeca Pagodinho,
Jorge Aragão e Martinho da Vila.

Apaixono-me pelas canções do Fabio Jr.
E Mato Grosso & Mathias.
Aprendo ao som da viola de João Carreiro & Capataz,
Mayck & Lyan e Chico Rey & Paraná.
Choro os versos declamados por Marco Brasil.

Minha alma eleva-se com Aline Barros.
Choro as dores do silêncio com Rosa de Saron.
Aquieto-me ao ouvir Ziza Fernandes.
Compreendo coisas que vivi com Adriana Arydes.

Ainda estão guardadas
As canções que fiz para você.
Aquelas canções
Que eu ainda não cantei para você.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

InPalavras: um novo conceito em fazer arte

Uma folha de papel, objetos e um lápis mais uma palavra, frase, trecho de música ou livro juntos podem tornar-se um InPalavra. A pessoa que se aventura com um InPalavra não precisa saber desenhar ou compor maravilhosos versos. Longe disso, a ideia é soltar a imaginação, passar para o papel ou qualquer outro suporte como, por exemplo, tela, fotografia, vídeo etc por mais abstrato que sejam, os traços que formam uma emoção ou pensamento. “O importante é se libertar dos sentimentos que estão ‘guardados’ a sete chaves no inconsciente ou não”, comenta o poeta Tiago Nascimento.
O conceito é simples: InPalavras são instalações artísticas (inconscientes ou não) com palavras. “É necessário existir no mínimo uma palavra para ser InPalavra – In com ‘n’ mesmo, pois é de ‘instalação”, explica a poeta Nê Sant’Anna.
A mostra InPalavras! é parte integrante da exposição “Cheiros e Cores do Brasil”, que está sendo exibida no Museu de Arqueologia de Iepê (MAI). Segundo o coordenador do MAI, Paulo Fernando Zaganin Rosa, o objetivo da exposição é promover a sensibilização, o contato e a reflexão com as artes visuais e a poesia.

Serviço:
Exposição InPalavras!
Local: Museu de Arqueologia de Iepê (MAI)
Horário: segunda a sexta-feira, das 9h às 11h, e das 13 às 16h
Endereço: Rua Minas Gerais, 458, Centro.



quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O tempo



"A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará."

Mário Quintana

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Por falar em equívoco!...


Estou em dívida com o meu ser, pois faz um bom tempo que não escrevo. Que não escrevo nada, nem receita e nem um bilhetinho pra alguém ou para poder exercitar a arte da escrita.
Imaginei.
Imaginei muitas coisas que poderiam ser ditas e nunca foram, pensei que deveria ter me calado algumas vezes. Escrevi na memória poemas secretos que vieram do fundo da alma. E, novamente, me imaginei.
O fato é que eu sou um ser errante. O erro me persegue. Não sei o que ele tem contra a minha pessoa, pois ele insiste em me perseguir. Até tento realizar as tarefas e etc e tal nos conformes, tudo correto, tudo certinho, tudo milimetricamente pensado. Aí quando penso que está tudo nos conformes, lá estou eu pisando fundo no acelerador do erro. Erro de novo.
Acredito ser o melhor do melhor do mundo em cometer equívocos! (Não deveria ser assim).
Existem coisas que fazemos que por mais que nos ajoelhamos e pedimos mil perdões, não tem como voltar atrás e não cometer aquele deslize.
Tenho um imã que me atrai ao erro. Sou um ser errante. Talvez eu não soubesse viver de outra forma. Ficaria perdido. Eu preciso errar e isso é um fato consumado. De forma alguma estou aqui justificando as minhas falhas, não mesmo. O que já foi feito não tem como voltar atrás e concertar. Só nos resta receber um misericordioso perdão.
Sempre estou lutando para seguir as regras/as leis para que tudo não saia dos conformes... De repente... Mais um erro, uma falha, um equivoco, uma falta, uma culpa, um desvario, um engano, uma incorreção... um pecado.
Estou certo de um dia ser perdoado por todas as minhas falhas. Que as pessoas me perdoem pelos meus erros – que até poderiam comprometê-las.
Já estou perdido em meus pensamentos.  Minha cabeça está parecendo uma bateria de escola de samba de tanta batucada que está dando. Meus dedos não querem mais me obedecer e acertar cada tecla do teclado do computador. Preciso parar. Preciso aprender a ficar só (assim ninguém sai ferido). Necessito aprender a acertar em cada passo...
Perdoem-me!
Não estou me justificando e muito menos desabafando. Sou realista e, no momento, a realidade é que sou um ser errante. 

As canções que eu não cantei pra você

Ouvi Cartola falar de amor.
Ouvi Maysa cantar suas desilusões.
Ouvi Renato Russo bradar por um país melhor.
Ouvi Dalva e Herivelto cantar certo amor.

Ouvi o exagerado Cazuza.
Apaixonei-me pela Elis Regina.
Fiz o samba meu com Maria Rita.
Cantei melodias de Ana Carolina.
Gritei junto a Cássia Eller.
Sambei com Alcione, Zeca Pagodinho,
Jorge Aragão e Martinho da Vila.

Apaixono-me pelas canções do Fabio Jr.
E Mato Grosso & Mathias.
Aprendo ao som da viola de João Carreiro & Capataz,
Mayck & Lyan e Chico Rey & Paraná.
Choro os versos declamados por Marco Brasil.

Minha alma eleva-se com Aline Barros.
Choro as dores do silêncio com Rosa de Saron.
Aquieto-me ao ouvir Ziza Fernandes.
Compreendo coisas que vivi com Adriana Arydes.

Ainda estão guardadas
As canções que fiz para você.
Aquelas canções
Que eu ainda não cantei para você.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Ganhei na loteria!*


Não, não!
Por favor, não
Venha com essa história
De que agora se importa comigo.
Que sempre quis estar do meu lado,
Que foram os seus pais
Que nos separaram.
Que nossa vida era um mar de rosas.

Impossível de acreditar
Em suas meias palavras
Soltas em sua boa entreaberta.
Até desejei por um segundo acreditar.
Ah, baby!
Ouvi dizer por aí
Que você quer voltar
E, que se importa comigo.
Que o seu desejo
Sempre foi desejar os meus desejos.

Não, não!
Não chegue de mansinho
Querendo me surpreender.
Os dias e noites já foram nossos.
Hoje as estrelas não brilham mais pra você.

Ah, baby!
Você está sendo infantil,
Mil desculpas, por ser sincero.
Não há nada pra nós.

Não, não venha
Com essa história
De que agora aceita casar...
Não, eu não acredito
Em suas meias palavras.

[Tudo isso
Só porque eu ganhei na loteria?]

*Poema de Tiago Nascimento