quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Novo poema


Então, tu retornas...
Tenho uma arritmia!
Penso em desfalecer.
Decido o contrário.
Permito-me viver.

Depois de tudo e todos estou vivo!
Uma nova versão do meu eu.
Acreditando no seu eu.
Com todas as lembranças e promessas.

Corra para meus abraços.
Você é bem-vindo aqui!

Eu sobrevivi!
Juntei os cacos
Com o que sobrou do passado
Me refiz.
Eu prometi que sobreviveria.

Há sol em nosso jardim.
Há riso em meus lábios.
Palavras de amor em seus lábios.
Tudo novo de novo!
Tornei-me adulto.
Você continua sendo o melhor.

Certas coisas continuam impregnadas.
O velho mau humor matutino.
Uma aguçada ironia.
Uns trilhões de crises de ciúmes.
Juras não mais secretas.
Uma certeza: - Eu te amo!
Eu te amo melhor do que há dez anos.

Agora tu vem
Com seus olhos sedutores,
Lábios querendo o meu eu.
Materializando-se fronte meu corpo nu.
Recorda-se do meu sexo.
Velha caligrafia em novo poema.
Tudo sem rima para não deixar de ser patético.



segunda-feira, 4 de setembro de 2017

De você



Só mais uma chance
pra provar que te quero bem.
Sem você não dá pra seguir.
A caminhada é mais suave
quando se tem a quem amar!

Mais uma noite e você não veio.
A certeza que é o fim.
Sem lamúria ou mi mi mi.
Cada um seguindo seu rumo;
sem amor no banco de trás.

É, meu rapaz, tu teve atitude!
Desembaralhou nossa vida complicada.
Num gesto, simples assim,
nocaute pra mim.

Aparece pra matar a saudade
que invade a alma
desfalecendo meus sentidos.
Vem diminuir o desejo
no gosto do seu beijo grego.

Quando estou longe
perto quero estar.
Se... se aproxima... quero afastar.
Complicado demais pra eu ser o último romântico!

Esperar um telefonema
ou uma mensagem
de você lá fora a me esperar.

Até que um basta não é pra sempre.
Estamos cansados dessa putaria.
Quem sabe se nós nos casássemos?

Todas as noites a vagar.
Guiando sem rumo certo.
Mais um cigarro e uma parada em um bar.
Conversas jogadas fora
pra me salvar da solidão.

Só de pensar que te amei!
Da minha forma porra louca,
mas você não me entende.

Pudera compreender
alguém tão complicado de ser!

Pois é, meu rapaz,
tu me descomplicou.
Chegamos ao fim.
Eu sei que você será feliz.
Até nunca mais: - Tchau!

Vai lá ser feliz.
Vai lá encontrar alguém
Que faça o que eu nunca fiz.

Colo, carinho, abraço, atenção,
café da manhã, dormir de conchinha,
chegar sem hora de ir embora, televisão.

De você os versos
que insisto em compor
pra poder te esquecer.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

De lá pra cá


1983 de lá pra cá 33.
Em segundo o reflexo
em seus olhos azuis
trás à memória tudo enrolado
igual meus cabelos castanhos.

De tudo seu há um pouco em mim!

De lá pra cá,
só sei que hoje sou eu
por que tu me fizeste assim:
igualzinho a você.

Minha insanidade descontrolada
encontra sua normalidade estacionada
em uma cadeira de área.

Por vezes me perdi
querendo encontrar alguém
com a minha genética.
Só agora percebi
que não me falta nada,
pois tenho você:
aqui ao meu lado.

No silêncio da televisão
eu sei que...
Ouvindo uma oração
eu sei que...
No prato de arroz com feijão
eu sei que: - Te amo! (calado).

Espero que um dia me entenda.
Me perdoe por noites mal dormidas.
Das dores que causei
por não saber dizer que te amo.

No radinho vai tocar uma canção.
Fico ouvindo sua respiração,
no silêncio do quarto.
Há brasa no cigarro pro espanto da solidão.

Ai de mim se não fosse tu!
Com sua clareza
és defensora do meu eu.

Faço versos simples
sem rimar por que a vida segue
desenfreada feito eu.
Só pra você saber
que é amor o que tenho por você.

Então, já é dezembro outra vez.
1945 de lá pra cá setenta e um.







terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Quando janeiro chegar



Quando janeiro chegar
vou estar te esperando,
calmamente, querendo reencontrá-lo.

Os passos lentos, o silêncio
e sua companhia.
Não quero desculpar-me,
pois desejei estar lá.

Te ver dançar,
da formatura participar.
Eu vou estar nas tardes de domingo
com você elencando nossas conquistas.

Ah, quando janeiro chegar
do seu lado quero estar!
Em seus olhos
a certeza de que
você é tudo que sonhei.

Lentamente, sem cobranças,
iremos construir o nosso lar,
nosso altar particular.
É com você que quero estar
quando janeiro chegar.

19:51
Sábado, 17 de dezembro de 2016



quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Antes de ser exato


Autoretrato
Autorretrato


Antes do adeus quais serão as palavras?
Quem vai estar presente?
De quem serão os últimos olhos vistos?

Vagarosamente. Indolor.
Com dor. Nunca se sabe!

Momentos não registrados.
Todas as palavras que não foram ditas.
Lugares sem serem visitados.

Voltar para casa antes que isso acabe.
Receber o abraço da mãe.
A bênção do filho.
O beijo da pessoa amada.
Tudo antes que termine o dia.

Subitamente. Traiçoeiramente.
Fim do ar para respirar.

Quais histórias ficarão nas memórias?
A ausência o tornará distante.
Com que palavra se resume saudade?
Há uma fotografia amarelada na estante.

Velhas cartas em caixas de sapatos.
Despetalar flores que não foram enviadas.
Seja lá o que for: sem beleza.
Não será mais doutor.

Não haverá luz no quarto gelado escuro.
Descaso eterno despreocupado na solidão.