quinta-feira, 17 de novembro de 2011

As canções que eu não cantei pra você

Ouvi Cartola falar de amor.
Ouvi Maysa cantar suas desilusões.
Ouvi Renato Russo bradar por um país melhor.
Ouvi Dalva e Herivelto cantar certo amor.

Ouvi o exagerado Cazuza.
Apaixonei-me pela Elis Regina.
Fiz o samba meu com Maria Rita.
Cantei melodias de Ana Carolina.
Gritei junto a Cássia Eller.
Sambei com Alcione, Zeca Pagodinho,
Jorge Aragão e Martinho da Vila.

Apaixono-me pelas canções do Fabio Jr.
E Mato Grosso & Mathias.
Aprendo ao som da viola de João Carreiro & Capataz,
Mayck & Lyan e Chico Rey & Paraná.
Choro os versos declamados por Marco Brasil.

Minha alma eleva-se com Aline Barros.
Choro as dores do silêncio com Rosa de Saron.
Aquieto-me ao ouvir Ziza Fernandes.
Compreendo coisas que vivi com Adriana Arydes.

Ainda estão guardadas
As canções que fiz para você.
Aquelas canções
Que eu ainda não cantei para você.

2 comentários:

  1. REALMENTE TIAGO, ESSE POEMA É MARAVILHOSO, MOSTRA A SENSIBILIDADE QUE VC TEM, O POTENCIAL ARTÍSTICO E PROFISSIONAL QUE SÓ PRECISA ESTAR NO LOCAL CERTO, NA HORA CERTA PRA DAR CERTO! Bjs!

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  2. No poema “As cançõesque eu não cantei pra você’’, Tiago Nascimento revela ser eclético – ou ter noção – em termos de estilos musicais, ao fazer referências de Cartola a Cazuza, que de acordo com seu tempo, cantaram a dor de cotovelo e a rebeldia, mas que continuam super atuais, por isso, clássicos. “Queixo-me às rosas/Mas que bobagem/As rosas não falam/Simplesmente as rosas exalam/O perfume que roubam de ti, ai/. Quer sofrimento mais explícito que este trecho na letra de “As Rosas Não Falam’’, de Cartola?. Ou em “Codinome beija-flor’’, de Cazuza? “Pra que mentir/Fingir que perdoou/Tentar ficar amigos sem rancor/A emoção acabou/Que coincidência é o amor/A nossa música nunca mais tocou...’’ Nota-se, também, uma certa inclinação para as emoções contidas, as relações conflituosas, quando cita Maysa e Dalva & Herivelto Martins. Nesse mesmo parâmetro estão Elis e Cássia Eller, dois ícones da MPB – cuja profundidade da alma – ou de suas vivências – era extravasada por meio de suas interpretações, e comportamentos... Fala de Ana Carolina, que no mesmo ângulo, porém em nível mais sofisticado, diz: “Qualquer distância entre nós/Virou um abismo sem fim/Quando estranhei sua voz/Eu te procurei em mim/Ninguém vai resolver/ Problemas de nós dois.../ Daí, você dá um salto para o samba de Alcione, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Martinho da Vila, como num ápice de comemoração da alegria, e da conquista ou da esperança, do deixar rolar... Pelo menos, eu enxergo o samba – mais contemporâneo – assim, quando, por exemplo, Alcione propaga: “Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar, o mundo foi feito de samba, de samba pra gente sambar’’. Veja trecho da letra de Zeca Pagodinho: “Eu já passei por quase tudo nessa vida/Em matéria de guarida/Espero ainda a minha vez/Confesso que sou de origem pobre/Mas meu coração é nobre/Foi assim que Deus me fez.../E deixa a vida me levar
    [Vida leva eu...]. Cita Fábio Júnior, que abarca todas as demais expressões por meio do romantismo, só que mais ameno, mais água com açúcar, porém, sem perder a beleza... Pra finalizar, dá um passeio por suas próprias raízes, ao se referir aos cantores sertanejos como Mato Grosso & Mathias, bem como cita Marco Brasil, que reflete a cultura do povo interiorano, manifestada nas festas de peão e do boiadeiro. E conclui fazendo referências a representantes das músicas católica e gospel – Ziza Fernandes e Aline Barros – como se fosse uma condensação espiritual, do que o poeta carrega, e se apega em seus momentos mais densos, e tensos... (Adernil de Souza, jornalista)

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