sexta-feira, 17 de maio de 2013

Janeiro nublado


No futuro você irá lembrar-se
Do calor dos meus braços.
Com lágrimas nos olhos
Sentirá vontade dos beijos meus.
Sem querer pensar
Vai deitar-se
Com minha foto em mãos.
Não conseguirá adormecer.
Há tempo te procurei...
Mil desculpas prontas.
Você não conseguia me encontrar.
Então, em tempos em tempos,
Quando você não for mais o mesmo!
Deixarei de ser quem mais te amou.
De longe, então, quando me avistar
Terá consigo a certeza de que te amei!
Recordações de tardes no sofá
Quando éramos companhias.
De noites caminhantes sem rumo certo.
Da velha amizade, do riso frouxo sem motivos.
Ao cair da tarde de um janeiro nublado
A saudade irá te buscar na mesma praça.
No banco do primeiro encontro.
Estarei em suas poucas lembranças
E na incerteza de que eu poderia estar lá...
Contigo até o fim.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Crônica à Tristeza



Permito-me, nesta noite, ficar triste. Deixo a porta escancarada para Dona Tristeza entrar e convido-a que fique até o amanhecer. Sinto-me livre e muito bem à vontade na companhia da tristeza. Não vejo por que não estar bem na companhia dela. Tais sensações de melancolia de mãos dadas à nostalgia deixam-me tranquilamente com a Tristeza.
Não há motivos para conte-la do lado de fora. Não compreendo o pré-conceito com ela [a tristeza], pois estamos sempre de peito aberto para que a Dona Felicidade faça morada em nossos corações e que caminhe eternamente ao nosso lado. Por que não nos permitirmos que a tristeza também nos faça companhia?
Não, não somos super-homens nem mulheres maravilhas. Até os super-heróis tem suas fraquezas. Não, não! Definitivamente, deixar-se estar triste não é fraqueza. É um grande ato de heroísmo! Estou triste, simples assim.
A tristeza, necessariamente, não precisa estar ligada a falta que alguém nos faz ou se relacionar com um fim de relacionamento. Nem tão pouco é preciso estar com sensação duradoura de profunda tristeza por toda vida. Longe disso! A tristeza também é um estado de espírito e, por ser assim, sou mais triste do que alegre. Tenho necessidade em estar triste. Os meus versos e textos nascem do meu silêncio. Nascem do meu convite a Tristeza.
Devemos sim nos permitir momentos de pura tristeza do mesmo modo que desejamos momentos de felicidade. Temos que aprender a caminhar com ambas as sensações espirituais. Caminhar com a Tristeza um dia ou outro. Um dia ou outro caminhar com a Felicidade.
Por que ter medo de ficar triste? Não sei a resposta, pois – de todos os medos que tenho – não tenho medo de convidá-la para me fazer companhia. Que se sente comigo em uma mesa de bar. Que beba no meu copo. Que me empreste o seu ombro. Nem é tão complexo estar triste. É simplório tal qual viver.
Por tudo isso me permito estar triste. Simples assim.