domingo, 7 de agosto de 2011

O bêbado e a equilibrista

A música “O Bêbado e a Equilibrista”, de autoria de João Bosco e Aldir Blanc, interpretada por Elis Regina, foi composta na década de 1970, época da Ditadura em nosso País. Os intelectuais da época resolveram se expressar através da arte o que sentiam. A arte sempre está ligada aos sentimentos de quem a faz, isso é um fato. Por exemplo, a repressão proporcionou uma enorme riqueza cultural para nós brasileiros/as. Em meio a exilados, presos, pessoas torturadas “O Bêbado e a Equilibrista” trouxe a esperança em casa verso num universo de batalhas.

Mas não é sobre a música que vou comentar nesta nova filosofada! Vamos ao fato:
Estava eu em um bar, aqui no centro de Iepê, tomando uma cerveja gelada após um dia inteiro de trabalho, para relaxar. Conversas informais com o dono do bar e outras pessoas que estavam ali, que por sinal nunca havia conversado com nenhum deles, mas bar é assim mesmo. Aproximou-se de mim um rapaz bêbado, por sinal, todo sujo com um cheiro quase que insuportável pediu um copo de cerveja, que eu neguei é claro. Ele estava caindo de bêbado e pedindo mais bebida ainda, meu Deus!  O bêbado se afastou de mim quando disse que não lhe daria nenhum tipo de bebida.
Passado alguns minutos eis que retorna o bêbado. Ele estava na companhia de outro homem, um comerciante aqui na cidade. O tal comerciante pediu uma dose, bem caprichada, de água ardente. O dono do bar até fez cara de quem não estava compreendendo a situação, pois acho que ele nunca viu o tal comerciante tomando água ardente. Mesmo assim, obedeceu a ordem e colocou em um copo branco descartável a tal da água ardente. O comerciante pagou e entregou o copo para o bêbado, que já estava bêbado e caindo pelas sarjetas.
Até aí tudo bem! (Eu acho!). O que me intrigou foi que o tal comerciante poderia muito bem ter oferecido uma carona e ter levado o bêbado embora, ou então, dizer que não pagaria nada que continha álcool, sei lá eu.
Por que será as pessoas lhe pagam bebidas? Não sei mesmo! Tipo, acho até engraçado, você diz pro fulano: Que vontade de tomar uma gelada! O fulano prontamente se oferece para te pagar à gelada. Imagine uma situação contrária. Você diz pro fulano: Nossa preciso comprar 5 kg de arroz pra alimentar minha família, ou então, estou precisando de R$1 pra comprar leite para meu filho! Você, leitor/a, já até sabe o que acontece, né? Toda aquela prontidão em lhe pagar uma cerveja ou uma dose de água ardente não é a mesma quando o assunto é alimentação.
Às vezes paro frente a essas situações e fico perguntando-me porque será meu Deus que algumas pessoas preferem lhe pagar bebidas ao invés de lhe ajudar com algo de comer. Por exemplo, ninguém pergunta se você está precisando de algo em sua casa, se sua dispensa está completa, se seu filho precisa de algo... mas se o assunto é bebedeira estão todos prontos a lhe proporcionar uma tarde de domingo ou uma noite de sábado de bebedeiras e cigarros...
E o que tem a ver a música “O Bêbado e a Equilibrista” com esse triste comentário? É que o bêbado estava bêbado e tentando se equilibrar para continuar ali bebendo, bebendo... Ás vezes nós mesmos somos o próprio equilibrista de nossas vidas.
Até a próxima filosofada!!!

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